domingo, junho 24, 2007

A Glória do EU

Quantas vezes você já viu atores, atrizes, artistas em geral ou mesmo pessoas que estão se candidatando a algum trabalho se descreverem como pessoas “determinadas”? Eu já me cansei de ver. Em quase toda definição pessoal ou traço de perfil hoje é possível encontrar palavras sinônimas como: “persistência, tenacidade, determinação, força de vontade” e etc...

Apesar de já ter me familiarizado com essa prática moderna de se auto definir foi uma brincadeira com um amigo (José Rodrigues Jr.) a respeito desse clichê emergente que me levou a procurar perfis de pessoas famosas na Internet. Não foi preciso perder tempo ou procurar demais, o primeiro perfil que encontrei tinha “como característica mais marcante” a não menos famosa “Determinação”. A busca prosseguiu e enquanto conversávamos pelo telefone nos admirávamos de quão comum era a presença dessa característica nas pessoas. Selecionei um bom exemplo para quem quiser se divertir com esse clichê também, segue o link dos 16 candidatos do programa “Aprendiz 4 – O Sócio” da Rede Record, com as auto-definições de cada candidato (http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u70802.shtml) .

E eles ainda não eram famosos quando se descreveram, o que indica o quanto que essa prática tem influenciado a todos dentro ou fora do contexto artístico. Talvez o contexto artístico nem seja o pai dessa definição como sendo a característica mais importante de um ser humano, mas com certeza eles são os maiores propagadores dessa idéia. Mas da onde vem essa tendência? Porque as pessoas precisam dizer hoje que são determinadas? Qual a vantagem de ser determinado? Se olhar a ficha dos candidatos do programa acima citado verá que muitos dos que se auto-proclamavam determinados hoje já estão fora do programa. Então o que há em ser determinado, persistente?

Ora, vejamos quem são os maiores propagadores dessa idéia novamente. Artistas e famosos. O que todos eles tem em comum? O tamanho do Ego. Não é de admirar que eles tenham abraçado com tanta vontade essa definição pessoal. A filosofia desse pensamento carrega duas engrenagens de conforto para o pensamento humano. A primeira é a cultura do mérito próprio. “Não há almoço grátis”. Aquela cultura que nos persegue desde o dia em que nascemos e temos que chorar para mamar, temos de ser obedientes para não ficar de castigo, temos que tirar boas notas para ganhar presentes e etc... Alguns podem dizer que essa não parece ser um mecanismo de conforto, mas é mais confortável saber que somos donos do nosso próprio destino e que sorte, azar ou mesmo Deus são cartas fora do nosso baralho da vida. Isso é o mesmo que o...

...segundo mecanismo: A facílidade de “quem procura, acha. Quem busca, alcança”. Eu só preciso me esforçar, trabalhar, me dedicar e tudo o que eu mais desejo será conquistado. Em outras palavras tudo depende de mim. Se está em mim, depende apenas de disciplina, de virtudes pessoais que só preciso desenvolver, assim posso chegar onde quiser. E se eu algum dia alcançar o sucesso é por minha própria causa. Embora o dito popular “Deus ajuda quem cedo madruga” persista em existir, é pura retórica, já arrancamos Deus do resultado de nosso trabalho a muito tempo. Tudo que eu conquisto foram as minha próprias virtudes que conseguiram aliadas, é claro, a minha determinação pessoal, força de vontade, força de realização. É pura ética behaviorista. A cultura do mérito próprio que nos faz girar em círculos. EU faço e acontece, EU busco e EU acho, EU luto e EU ganho, EU, EU, EU.

Isso é o que acontece quando olhamos para o mundo como um uma realidade pessoal a ser conquistada pela minha pessoa. Isso nos torna solitários. Talvez seja por isso que artistas não são bons em relacionamentos pessoais. Talvez seja por isso que alguns dos que se auto-proclamaram “determinados” no programa de TV tiveram problemas com relacionamento. Temos nos tornados cada vez mais individualizados em nome de nós mesmos.

Embora digamos que “Deus ajuda quem cedo madruga”, isso não tem sido verdade, nem de um jeito nem de outro. Embora Deus esteja na frase, o que queremos dizer com ela é: “porque sou assim, Deus me ajuda”. Em suma a glória do EU. Enquanto criamos que Deus estava no comando do mundo O usamos para alcançar nossos próprios intentos e propagamos tudo aquilo que é contra Ele em nosso período escuro. Depois colocamos todas as fichas no homem, e ascendemos a razão no topo de nossa doutrina de vida. Mas também nos decepcionamos quando vimos que nossa razão nos arrastou para guerras e ogivas nucleares. Agora já não nos resta nada, não temos mais em quem confiar, é bem nesse momento terrível que resolvemos então perpetrar nosso circulo vicioso e colocarmos mais uma vez todas as fichas no lugar errado, no EU. Mais individualizados do que nunca falamos de globalização, mas a intenção é uma só, a Glória do EU. Somos pós-modernos, somos niihilistas e temos certeza que com determinação chegaremos lá. Não queremos mais interferências da igreja, do estado ou de Deus, estamos sozinhos e sozinhos vamos conquistar o mundo. Só tem um problema pra que EU vença é preciso que você perca.

Em outras palavras o homem não pode resolver o seu próprio problema, nem com determinação, nem com persistência, nem com tenacidade, o que vamos fazer? Eu prefiro confiar nAquele que extrapola minha existência. Já faz anos que demonstramos nossa ignomínia, embora sejamos determinados.

Se Deus existe amigo, porque não deixa-Lo ser Deus dos homens?

sexta-feira, junho 01, 2007

Video Game X Cristianismo?!?!

Estou a milhares de dias sem postar nada por completa falta de tempo. Entretanto, recentemente tive um artigo publicado na Revista Kerygma, que gostaria de compartilhar com vocês. Esse artigo é apenas um resumo de um trabalho mais exaustivo e detalhado que se encontra em confecção. Segue, abaixo, o link do artigo:

http://www.unasp.br/kerygma/opiniao07.asp

Lembrando que por ser uma revista Teológica o conteúdo é segmentado a cristãos. Com isso em mente, comentem e deixem suas opiniões.

Até breve.