sexta-feira, outubro 30, 2009

SINIAV só pode ser brincadeira!

Eu pensei que já tinha visto tudo. Depois de ver a super solução de segurança, a tomada padrão Brasil. Que também foi comentada na VEJA dessa semana. Hoje percebi que o Brasil continua me surpreendendo. E quando me refiro ao Brasil estou falando tanto dos seus habitantes quanto do seu governo. Há uns 2 ou 3 anos atrás lí uma reportagem sobre o uso do sistema RFID (Radio Frequency Identification) em carros na cidade de São Paulo. Hoje, acabo de ler na Folha de São Paulo que ontem (29 de Outubro de 2009) estabeleceu-se que até 2014 todos os carros do país estarão utilizando o sistema, denominado SInIAV (Sistema de Identificação Automática de Veículos).

O sistema consiste na implantação de um chip (por meio de uma placa semelhante a do "sem parar" ou um adesivo) que emite informações em um sistema de dados via rádio usado também por celulares. Para que? Para monitorar TODA a frota de veículos. E aqui está o absurdo. Segundo o governo brasileiro a razão para esta implementação repousa em um maior controle do tráfego, das multas, dos IPVAs, dos licenciamentos e etc... Sim, "etc" porque até a iniciativa privada terá certos poderes sobre essa informação, que na minha opinião, até essa manhã, era sigilosa.

Apartir desta implementação o sigilo e a minha privacidade estarão a meio caminho da inexistência. Porque alguém poderá saber onde estou a qualquer hora. A cidade vai começar a virar um grande "big brother" e eu estarei sendo vigiado onde estiver o meu carro.

E é aqui que aparece a minha insatisfação também com os brasileiros. Porque parece sinceramente que ninguém está percebendo isto. A matéria da Folha de São Paulo se preocupa apenas em questionar se esse seria ou não um caminho para o Pedágio Urbano. Eles estão preocupados só com o Pedágio? O problema é gigantescamente maior. E a cidade de São Paulo será apenas a primeira, a idéia do Estado Brasileiro é que todas as cidades possuam o sistema até 2014. São Paulo planeja implementa-lá já em 2011.

"Quem não deve, não teme" diz o adágio popular. O problema é que nem é preciso temer para ser prejudicado por alguém ou por um sistema. Um sistema desses pode ser mal utilizado facilmente por pessoas mal intencionadas, bem intencionadas e até economicamente intencionadas. Como há corrupção em todo lugar por aqui fica difícil de se esperar seriedade em um sistema tão invasivo e importante. Eles querem controlar a velocidade de estradas e ruas, mas a um custo muito alto. Ao custo da liberdade. Um sistema como esse pode ser ferramenta para inumeras ações opressivas. A invasão da privacidade é o que está em jogo aqui.

O pior é que como se trata de um sistema fisico e externo, ao contrário do que você possa imaginar não previnirá crimes. Qualquer ladrão o retiraria com facilidade. Sequestros relampagos? não. Tudo permaneceria igual. Apenas uma coisa irá mudar, saberão onde estamos, quando estamos e a que velocidade (seria esse o verdadeiro benefício?).

O mais engraçado de tudo eu ainda não escrevi. É que um sistema desses não existe mais em nenhum lugar do mundo. Muito menos em países com tecnologia suficiente para implementar isso na Segunda-Feira da semana que vem. Sabe porque? Invasão de privacidade. Existe uma barreira ainda considerada moral e ética, uma questão filosófica no caminho. Mas aqui na Pátria Amada essas barreiras não existem e nem são discutidas e nós brasileiros engolimos essas coisas por pura, falta de informação, falta de opinião e sobra de carnaval. Sim, como sempre queremos farra, queremos festa, queremos ter uma tecnologia nova nos carros. "Somos bons no futebol e agora, bons de tecnologia!" Me desculpem a revolta, mas nossa inércia me enoja. Cidadãos do Brasil que ainda tem privacidade, movam-se.

Uma evolução para o Estado, uma derrota para o cidadão.

10 comentários:

Marcelo Borges disse...

Doutor,

So três comentarios:

1) você ja nao tem privacidade. Seu carro tem placa e as ruas tem cameras

2) Sistema nenhum acaba com roubos de carro e sequestros. Apenas amenizam. Vide sistemas de alarmes de carros e afins.

3) Existe um sistema parecido no Mexico. Informe-se melhor.

Eu nao estou saindo em defesa. So acho que opniao deve ser precedida de pesquisa.

Unknown disse...

Se toda opinião fosse precedida de pesquisa haveria muito pouca opinião. Ainda mais na minha área de estudos que todo mundo mete o bedelho.

1) Falácia. A placa do meu carro e o sistema de câmeras não resultam nem de perto no impacto que o SINIAV terá.

2)Eu nunca disse que algum sistema terminaria com o roubo de carro ou sequestros... Apenas disse que se esse era o pensamento do leitor, que tirasse o cavalinho da chuva (acho que concordamos nesse ponto).


3)Eu realmente não pesquisei o suficiente pra saber que o México (que não é nenhuma referência na minha opinião) já tem um sistema desses. Mas já que você sabe, obrigado por compartilhar conosco.

4) Obrigado pelo comentário, mas realmente não entendi a razão de sua hostilidade. Embora educada. "Achar" que "opinião deve ser precedida de pesquisa" foi pesquisado?

Tirando o comentário 3, acho que isso foi desnecessário.

Ah, não sou doutor.

Marcelo Borges disse...

Ola,

Nao tive em momento algum a intençao de ofender. Eu compartilho o mesmo sentimento que você: gerar a discussao. "Acho", sempre vem antes de um ponto de vista pessoal, portanto, devera ser levado a termo como tal e nao uma tentativa de expressar qualquer certeza.
Um ultimo comentario (opinao): minimizar a iportancia de um pais que tem a maior concentraçao urbana do mundo (Cidade do México), sede de uma das maiores empresas de telecom do mundo (Telmex, que inclusive comprou a Embratel) e uma economia fortemente vinculada a dos Estados Unidos, necessita alguma pesquisa também.

Ah o Dr foi so para provocar mesmo! Podemos trocar por amigo?

Desculpe a falta de acentos. No meu teclado nao funciona.

Um forte abraço

Unknown disse...

Olá Marcelo, rsrs.

O tom humilde, portanto nobre, da sua tréplica, me fez baixar a crista também. E Trocar o "Doutor" provocativo por "amigo" fica bem melhor.

A unica certeza que eu quis expressar foi a da passaividade da nossa gente. Eu não quis dar tons fundamentalistas a minha opinião ou posar de verdade absoluta. Embora possa até soar assim. Eu queria provocar as pessoas a pensar, a questionar e agir. Eu não concordo com o SINIAV, mas muito mais do que isso não concordo com o jeito como não reagimos a nada. Mas como você disse, compartilhamos o sentimento de gerar a discussão.
E sua opinião é acertada, minha crítica velada ao México se baseia em preconceito. Nunca fui lá. Mas revesti meu preconceito da certeza de que no presente momento o Brasil está em melhor situação visto ser um dos países emergentes masi bem cotados. Posso estar enganado. Mas essa é só minha opinião. Não quero revesti-la de certeza.

Mais uma vez obrigado por opinar. Sinta-se livre de participar quanto quiser. Bons diálogos são mais do que bem-vindos! E me desculpe se eu fui hostil em minha réplica.

Um forte abraço!

Marcelo Borges disse...

Caro Diego,

Isto nao é uma "quadréplica", eu juro. So lamento que no nosso pais as pessoas nao se proponham a confrontar mais os problemas. A gente passa por um corpo baleado no Rio de Janeiro e contorna e vai trabalhar normalmente. A escola publica nao funciona, botamos nossos filhos na escola particular. O serviço de saude nao esta la para nos assistir, fazemos um plano de saude. Isso deveria acabar. Dinheiro eu acho que nao é mais o problema. Versar bem o dinheiro publico é que é! Mas enquanto contornarmos os corpos baleados e continuamos à consider-lo mais um "presunto", nao havera mudanças. E precisamos muito de mudanças. Mudar de dentro para fora. Mudar de atitude. Vamos boicotar as escolar publicas e parar de pagar os planos de saude. Quebramos o sistema e os donos do poder saberao que desejamos que as coisas mudem.

Foi so um desabafo. Talvez nao mude nada, mas se cada indignado mudar um conformado, vai dobrar e dobrar e quem sabe, a revoluçao venha!

Um forte abraço

Unknown disse...

Muito bem posto. Não é a inconformidade em nome da inconformidade. É a inconformidade com o que está errado. Duas frases me fizeram refletir "A gente passa por um corpo baleado no Rio de Janeiro e contorna e vai trabalhar normalmente" e "versar bem o dinheiro público". Acho que a segunda realidade é um reflexo da primeira. Enquanto cada um só estiver preocupado com o seu...

Ljose disse...

Um absurdo! Não existe apenas o risco de violação do sigilo e uso dessas informações por criminosos.
O problema é a violação de um direito fundamental: o direito à individualidade. Não existe individualidade sem liberdade. O Estado não pode estar acima do indivíduo e vigiá-lo. Nenhuma pessoa (física ou jurídica) pode ter o direito de alienar nossa liberdade, nosso direito de escolha entre o certo ou o errado, entre pagar ou deixar de pagar um imposto, entre ultrapassar ou respeitar a velocidade regulamentar, etc. Esse tipo de controle do indivídulo, castra a própria humanidade, que é feita de escolha, de erros, acertos e aprendizado. Se alguém erra, deve pagar, mas deve ter o direito de errar. Do contrário, seremos apenas robôs teleguiados. É difícil alguém entender isso???

Fabio disse...

Pedágio
Esse é o único beneficiário do sistema. O executivo, o legislativo e o judiciário (com letra minúscula mesmo) se curvam ao poder dos empreiteiros que em regime ditatorial querem obrigar a todos os veículos nacionais a incorporarem um chip.
Para que? Ora, para cobrarem pedágio por cada cm de
asfalsto percorrido. Muito em breve, um cidadão do interior do Brasil em uma cidadezinha que tirar o carro da garagem para comprar pão na padaria vai receber uma contact em casa - trecho percorrido - 2.5 km - pedágio - R$2.50.
Claro que o examplo acima é meramente ilustrativo, mas mostra aonde o país vai chegar.
Prato cheio para o pedágio urbano, e mais conta pro povo pagar.
O resto que falarem é fumaça para encobrir o real motivo por trás do chip. O recomendado é acionar a justiça para
impedir mais esse assalto contra o povo brasileiro.

Sadrach disse...

Muitas vezes bato na tecla da liberdade, da democracia, quando nós mesmos, por hábito, por desconhecimento e não raro, por pura inocência tentamos usurpar direitos. Estamos aprendendo (e pior, desaprendendo a cada dia essa tal utopia chamada democracia).

Penso que o projeto fere a constituição e o código penal, na medida em que ambos rezam, com dizeres diferentes, que ninguém é obrigado a gerar provas contra si mesmo.

Claro, seria uma medida fantástica se pudéssemos confiar em nossas instituições, seja policiais, seja judiciárias, seja o executivo.

De um lado poderia alegar-se os fatores de segurança, mas para falar a verdade, pelo que tenho visto e vivido, hoje tenho mais medo do Estado que da bandidagem, aliás, não sei dizer se são classes diferentes.
Penso (e como dizia Millor Fernandes, livre pensar é só pensar) que em verdade temos apenas uma, a oficial e a não oficial. Me refiro à bandidagem.

1984 é agora. O Grande Irmão vigiará nosso passos, como o faz enquanto estamos com os celulares ligados? Continuará a ouvir nossas conversas, quando usamos dispositivos eletrônicos? O estado decidirá onde poderei ir, o que posso dizer, como devo agir, o que devo pensar? George Orwell não estava doidão quando escreveu o livro.

Se pelo menos nossas policias tivessem uma filosofia de defesa de direitos em vez de repressão; de defesa do cidadão em vez de defesa do Estado...


É POR ISSO Q EU NÃO SAIO DO BRASIL!!!

Tive um Presidente Analfabeto (Único no Mundo)

Tenho um Palhaço como político (Único no Mundo)

Tenho uma Terrorista como Presidente (Único no Mundo)

Sou o único país onde para varrer as ruas preciso ter estudo e para presidente não.

Anônimo disse...
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