domingo, março 11, 2007

O País do Carnaval.




Hoje na sala de aula estávamos discutindo a educação no Brasil. A filha de um de nossos professores, por volta da idade juvenil, chegou em casa com um dever de casa, uma pesquisa para ser mais exato, sobre um determinado assunto. Ela chegou reclamando do objetivo e método da professora. A pesquisa era a seguinte: Entrar num site especifico da Internet, copiar uma página e colar no trabalho. Pronto.

Tanto o pai como a filha ficaram impressionados com a falta de didática que levantou certos questionamentos por parte da menina. Primeiro: se a professora já leu o texto, porque quer mais uma cópia vindo de cada aluno? Segundo: Se ela já conhecia o texto porque não mostrou pros alunos na aula? Terceiro: Se copiar e colar não é ler, para que servirá o trabalho? Quarto: Porque os pontos serão dados de acordo com o capricho e não com o volume de conteúdo explorado, por exemplo? Podíamos ficar horas aqui elaborando indagações para a pedagogia desta professora, que representa todo um sistema educacional que se repete a anos. Eu e você provavelmente vivemos essa maldita realidade, e nossos filhos continuam vivendo a mesma. Desde os dias de nossa infância que nas datas comemorativas são exigidas figuras cortadas de um jornal ou revista e coladas nos trabalhos caprichados. Hoje a única coisa que mudou é que não se tira mais de jornais, mas da Internet. O principio emburrecedor permanece o mesmo. Não nos ensinam a pensar.

Porque não incentivamos a pesquisa e a busca pelo conhecimento? Porque não ensinamos os alunos a pensar por sí? Porque não ensinamos a pescar, em vez de pedir um peixe da peixaria? E por último, porque Meu Deus, porque, premiamos o capricho estético em detrimento do conhecimento? Só encontrei uma resposta para essas indagações. Somos o País do Carnaval. Nossa preocupação com a cultura e a artes são maiores do que o nosso compromisso com o conhecimento ou desenvolvimento. Nosso turismo sexual é mais famoso que nosso futebol. Americano pode não entender nada de Soccer, mas de brasileiras eles entendem.

Outro dia minha noiva estava com amigas em um restaurante nos EUA e o garçon logo tentou descobrir de onde elas vinham. Quando recebeu a “doce” resposta “Brazil”. Logo demonstrou seu profundo interesse. A primeira pergunta dele foi: “É verdade que as brasileiras gostam dos americanos?” A essa pergunta seguiu-se outros comentários sobre as mulheres brasileiras e uma promessa de vinda aqui. Ele contou que estava planejando com uns amigos, vir ao Brasil para trabalhar com uma ONG nas férias. Duvido muito que ele saiba o nome do novo técnico de nosso time de futebol, ou mesmo o fato de já não estarmos mais no topo da lista da Fifa há um mês. Mas ele sabe de quatro coisas: 1- O Brasil precisa da ajuda de ONGs por falta de recursos internos. 2- O Brasil tem mulheres que prestigiam seus turistas. 3- Somos festeiros. 4- Temos sexo fácil e barato aqui. É ou não é o país do Carnaval?

Outra evidência de nosso comprometimento com o fútil e com a festança foram as nossas passeatas anti-Bush. Fechamos a Avenida Paulista, tacamos pedras e paus na polícia, queimamos bonecos do Bush e gritamos palavras de ordem. Para que? Porque? Que palhaçada foi essa? Queremos condenar, fechar avenidas, agredir e gritar pela passagem de um dia do Presidente americano, mas cooperamos e corroboramos com a presença por 8 anos de Lula na Presidência do nosso país. Pintamos a cara, pintamos faixas, saimos só de calcinha nas ruas, protestamos por uma causa perdida e que nem é nossa, enquanto nossas próprias causas são abandonadas ao descaso.

Ninguém saiu na rua pra protestar quando Lula deixou que Evo Morales roubasse nossas instalações da Petrobrás com armas na mão. Ninguém se importou com isso. Mostramos até mais interesse quando a questão era cercear o direito do cidadão de possuir uma arma. Talvez se nos preocupássemos mais em educação decente ou em desenvolvimento, tivéssemos mais recursos e menos ONGs Americanas. Talvez com mais conhecimentos seriamos mais capazes de combater a violência e o tráfico de drogas. Mas parece que só queremos festa.

João Helio, com seus 6 anos, pode até ser arrastado pelas ruas que nosso carnaval fica intacto. Saímos aos montes nas ruas, não para reivindicar, mas para farrear.


Ninguém saiu na rua pra protestar contra a corrupção galopante de nosso congresso. Ninguém tacou uma pedra em José Dirceu. Ahhh, mas quando Bush veio aqui, fizemos questão de demonstrar quem somos, somos brasileiros do País do Carnaval!!!

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