sexta-feira, setembro 28, 2007

PESSOAS VALEM MAIS DO QUE COISAS


Sabe quando você encontra uma verdade que se torna parte de sua cosmovisão pra sempre? Aquele momento mágico quando você vê em perfeita delimitação uma idéia que, embora nunca tenha entrado em contato com você daquela maneira, é tão familiar? Isso aconteceu comigo quando meu professor de Comunicação Aplicada, há 1 ano atrás, delineou a frase mais simples do mundo, mas com a verdade mais pragmática que a minha inteligência social jamais se esquecerá. “Pessoas são mais importantes que coisas”.


Se me permite avançar nesse pensamento gostaria de amplia
r esse conceito para: “Vida é mais importante que coisas”. Define-se, portanto como “coisas” tudo aquilo que não vive. Eu sei, pra meia dúzia de gatos pingados pode parecer óbvio o que eu estou dizendo até aqui, mas digo para essa minoria, acreditem em mim, há uma maioria que não entende de maneira tão simples assim essa verdade.

É fácil, no mundo de hoje, que pessoas se apaixonem por coisas, e com isso passem por cima daquilo que mais importa na vida. Pessoas. Na verdade há uma super-valorização da pessoa quando isso ocorre, mas da pessoa errada, a pessoa valoriza os seus desejos acima dos valores externos e desejos alheios. Quando alguém rouba, mata, adultera (em todos os sentidos, sexuais, sociais e econômicos), engana, trai, passa por cima de outros interesses, magoa, quebra leis, maltrata um animal e etc... O que está ocorrendo é a super-valorização de si. O que, por conseqüência põe as coisas, que são os objetos de desejo desse individuo, acima das pessoas. Acima dos verdadeiros valores da vida. Nos tornamos aquilo que desejamos, portanto cada vez mais os homens se parecerão com coisas, e não com seres viventes. Coisas não se relacionam, se aproveitam, se servem, se usam. São intransigentes e impessoais no cumprimento de suas funções.

Impacto da inversão de valores de hoje

Alguém pode estar se perguntando, “mas porque relacionar-se é mais importante?” Semana passada assisti um filósofo na TV dizer uma das poucas frases televisivas que marcaram minha vida: “A família é a única instituição capaz de gerar vida”. Ficou claro? Só relacionamentos geram vida. É a contribuição mais básica e mínima que um ser humano pode dar a natureza, gerar vida. Qual o significado e a relevância de Plutão para o Universo? Nenhuma, mas e se houvesse vida lá? Então ele seria um dos mais importante planetas da Via-láctea juntamente com a terra. A vida por mais incompreendida que seja é o que conhecemos de mais valioso, seja na esfera pessoal ou na coletiva. Mesmo aqueles que já desistiram da vida ou não dão mais seu devido valor, o fazem por amor a ela.

Voltando ao assunto, entendemos com isso, que o mundo de hoje é materialista porque falta altruísmo. Em outras palavras o excesso de egoísmo nos consome, porque os relacionamentos humanos são substituídos por relações entre coisas e pessoas. Objetos e viventes. Desejos e realizações de um único individuo. O homem se relaciona mais consigo mesmo e menos com o resto do mundo. O Ipod é prova disso. Quanto mais tempo se passa com uma coisa, menos tempo se relaciona, e mais tempo se passa sozinho.

Isso não está garantindo nem de longe a sobrevivência da espécie humana, mas da espécie “individuo”. As relações humanas sempre existirão, mas elas tem cada vez menos significado, estão a serviço do individuo em sua busca pessoal de se realizar. Quanto mais esse fenômeno ocorre e se expande, mais as coisas se valorizam sobre a vida. Menos paz teremos, mais divisões, mais disparidades, menos felicidade, mais estresse, mais pressa, mais capitalismo, menos solidariedade e etc...

Estava conversando com um amigo sobre armas de pressão, e ele me contou que adorava matar passarinhos de longe. Então eu disse que não atirava em passarinhos, gostava de atirar em vidros e objetos que sofressem o efeito dos tiros. Ele imediatamente entendeu minha crítica velada e disse: “Você não atira em passarinho, mas atira nas coisas dos outros?” Entendi que ele havia interpretado a palavra “vidros” como referência as janelas dos meus vizinhos e a carros alvejados. Automaticamente, concertei o equivoco e expliquei que me referia a vidros que eu possuía e guardava só para essa atividade...Espera um pouco!!! Volta a fita...

Você notou que esse meu amigo pos os bens alheios acima da vida dos passarinhos? Talvez você nem tenha percebido isso, não acha que é hora de reconsiderar? Quer dizer que vidros de janelas, e bens alheios tem mais valor do que um animal que “é”, vive e sente individualmente? Esse animal tem responsabilidades sociais com sua prole e se relaciona com os outros iguais de sua espécie, por isso não vale mais do que um pedaço de vidro que custa menos de R$5,00?

Povo Lotuho ou Latika

“Para o africano tradicional, manter o equilíbrio e harmonia em relacionamentos dentro de sua família e tribo é extremamente importante. A posse de bens materiais é muito menos importante do que manter uma adequada interação com outras pessoas. Para o homem ocidental, por outro lado, o valor das pessoas tende ser medido pela quantidade de suas posses – terra, dinheiro, bens. Um resultado é a busca pelo sucesso que significa longas horas de trabalho e disposição para aniquilar outros trabalhadores, amigos e mesmo família para que se possa obter grandes lucros.

O povo Lotuho, do sul do Sudão, por algum tempo rejeitou o uso de boi para puxar arado, mesmo sabendo que o uso desses animais aumentaria sua produção de alimento. Com o boi, as grandes festas que aconteciam enquanto os campos eram preparados para a semeadura não seriam necessárias, e aquelas festas eram cruciais para manter os relacionamentos na sociedade. Melhor Ter menos alimento, eles diziam, do que arriscar a harmonia dentro do vilarejo”(Apostila 2006, Comunicação Aplicada, Professor Valdecir Lima).

Se ainda não ficou claro, lá vai:

Na vida o que há de mais importante não são coisas, mas relacionamentos.

Sem essa compreensão e a legitimidade de nossos relacionamentos, seremos apenas indivíduos sozinhos numa multidão de abandonados. O dia em que a carreira, emprego, oportunidades de vida pessoais, lucros, objetos de desejos e coisas em geral forem mais importantes que pessoas em geral na sua vida, esta na hora de reavaliar seus valores. Temos vivido para que? Para cumprir tabela no dever de existir? Para nos realizarmos ao custo de tudo e de todos? Esse comportamento na prática é o que define quem você é. Você é uma coisa ou uma pessoa? Pessoas se relacionam.

sexta-feira, setembro 21, 2007

Quem vence é quem perde ou quem ganha?


Nesse post quero apenas recomendar a leitura de um post em outro blog referente ao ocorrido no Jogo Nottinghan Forest X Leicester City na Inglaterra. Pela primeira vez na história um time iniciou a partida permitindo deliberadamente que o goleiro do outro time fizesse o gol. Porque? Espírito esportivo. Ou foi Altruísmo? Essa história é sensacional.

Dê uma checada em http://nacontramaodopensamento.blogspot.com

segunda-feira, setembro 17, 2007

A morte da esperança II – O Homem não é a solução?

Nesta última semana o Youtube publicou a Premiere mundial do novo clipe musical do grupo Matchbox20, chamada “How far we’ve come”(Quão longe nós chegamos). Não importa se você gostou do som da música, mas a letra que é realmente profunda. Fala sobre o mesmo assunto que nós estávamos conversando antes. O fim da esperança para a humanidade. Não importa também se estamos falando de fim apocalíptico, guerras nucleares ou aquecimento global, o mesmo comportamento Entrópico é bem notado por todo mundo.

Preste atenção na letra que reconhece a situação solitária do homem pós-moderno e niilista (pode não ter ninguém para se despedir) e nas imagens de fundo. Você verá as grandes conquistas da humanidade assim como uma alusão a nossos grandes fracassos. Então, no último coro, vemos no fundo o símbolo universal de alegria e comemoração: Fogos de artifícios enquanto ouvimos sair da boca do grupo palavras de antagonismo em forma de ironia. Em outras palavras, nós estamos “fingindo” ser gloriosos, entretanto “Vamos ver quão longe chegamos”. Segue a letra, porcamente traduzida por mim:


Estou andando no inicio do fim do mundo,

Mas está parecendo como uma manhã qualquer anterior,

Agora me pergunto: O que minha vida vai significar depois que acabar?

Os carros se movem como a 1 quilometro por hora

E eu comecei a olhar para os passageiros que acenavam “adeus”.

Você pode me dizer o que, algum dia, eu tive de especial?


Coro:
Mas eu creio que o mundo está ruindo ao chão

Oh bem, I acho que já vamos descobrir

Vamos ver quão longe chegamos

Vamos ver quão longe chegamos

Bem eu,creio, que tudo, está caminhando para um fim

Oh bem, eu acho, que vamos todos fingir,

Vamos ver quão longe chegamos

Vamos ver quão longe chegamos


Eu acho que já deu 10 horas, mas eu realmente não sei

Então não consigo me lembrar de ter sido atencioso uma hora ou mais

Comecei a chorar e não podia parar

Comecei a correr, mas não havia para onde correr

Sentei na rua e dei uma olhada em mim mesmo

E disse: Aonde está você está indo homem?

Você sabe que o mundo está condenado ao inferno

Diga adeus, se tiver alguém para dizer adeus

[Coro]

Se foi baby, tudo se foi

Não há ninguém nenhum apoio e ninguém está em casa

Foi legal, legal, foi tudo legal

Agora acabou pra mim e acabou pra você

[bis]


Mas eu creio que o mundo está ruindo ao chão

Oh bem, I acho que já vamos descobrir

Vamos ver quão longe chegamos

Vamos ver quão longe chegamos

Bem eu,creio, que tudo, está caminhando para um fim

Oh bem, eu acho, que vamos todos fingir,

Vamos ver quão longe chegamos

Vamos ver quão longe chegamos

Vamos ver quão longe chegamos

Vamos ver quão longe chegamos

Vamos ver quão longe chegamos

Vamos ver quão longe chegamos

Vamos ver quão longe chegamos

Vamos ver quão longe chegamos

Vamos ver quão longe chegamos

quinta-feira, setembro 13, 2007

Heróis em decadência – o fim da esperança

Tenho notado e me irritado muito com a forma como os heróis tem sido retratados atualmente. O renascimento dos heróis no cinema e nas séries de TV é apenas uma ilusão. Eles estão morrendo. Todos os últimos filmes de heróis lançados, apenas uma coisa foi comum a todos. O pensamento pós-moderno e a desesperança. Todos os heróis hoje são menos heróis, mais humanos (mesmo não sendo terráqueos), cheios de defeitos e com crises existenciais.

Não sei se ainda se lembram, mas o objetivo do herói sempre foi inspirar integridade, moralidade, valores e a esperança de que alguém nos salvará de nós mesmos. Entretanto, os heróis agora são mais um de nós. Não são mais íntegros, veja por exemplo Superman. Ele usa seus poderes para espionar e invadir a privacidade de Louis Lane, sua ex-mulher, agora casada com outro homem. Não bastasse isso, ele imoralmente alicia e a coloca em situação de traição a seu marido atual. Ainda no mesmo filme, o filho de 5 anos de Superman, mata um homem. Tudo bem, você pode dizer que ele merecia, mas e daí? Uma criança de 5 anos tem o poder de julgar quem vive e quem morre agora? E se ele fez sem querer, onde está a responsabilidade de quem tem poder? Essa segurança sempre nos foi dada pelos heróis que nos protegiam daqueles que irresponsavelmente usam seu poder.

Pense em qualquer filme atual, de X-Men à Tartarugas Ninja, de Rocky VI a Rambo 4, todos tiveram crises de existência em que seus poderes lhes representavam um peso muito grande e dificultavam de alguma forma no cumprimento de suas tarefas de salvar o mundo. Por que nossas novas histórias são assim? Porque queremos aproximar essas histórias da verdade ou porque estamos cada vez mais descrentes em tudo? Parece que a segunda lei da termodinâmica se faz presente até em nossas idéias e criações. Podemos ver na musica do grupo Norte-americano Nickelback, entitulada “Hero”, onde o compositor afirma não esperar mais um salvador:

“And they say that a hero can save us. Im not gonna stand here and wait… Someone told me love will ALL save us. But how can that be? Look what love gave us.
A world full of killing, and blood-spilling That world never came”.

“E eles dizem um herói pode nos salvar. Eu não vou ficar parado aqui e esperar...Alguém me disse que o amor irá nos salvar a todos. Mas como pode ser?

Olhe o que o amor nos deu. Um mundo cheio de assassinatos e derramamento de sangue. Aquele mundo nunca veio”.

Enquanto continuarmos olhando para o nosso umbigo só encontraremos defeitos e desapontamento. Super-Heróis não existem, mas não sei até que ponto deixar de aguardar por uma intervenção salvífica externa nos esta sendo útil? Cansamos de esperar ou estávamos olhando pro lado errado esse tempo todo? E se houver salvação fora da nossa superficial realidade? E se?... A ciência não tem a resposta, a religião diz que tem. Até onde você já investigou essa hipótese? Precisamos de esperança, não uma falsa esperança, rejeitamos isso (por isso humanizamos os heróis), mas uma verdadeira esperança. Você acha que isso existe? Eu creio que sim.

Devemos aceitar o finito desapontamento, mas nunca perder a infinita esperança.

Martin Luther King Jr.