quinta-feira, setembro 13, 2007

Heróis em decadência – o fim da esperança

Tenho notado e me irritado muito com a forma como os heróis tem sido retratados atualmente. O renascimento dos heróis no cinema e nas séries de TV é apenas uma ilusão. Eles estão morrendo. Todos os últimos filmes de heróis lançados, apenas uma coisa foi comum a todos. O pensamento pós-moderno e a desesperança. Todos os heróis hoje são menos heróis, mais humanos (mesmo não sendo terráqueos), cheios de defeitos e com crises existenciais.

Não sei se ainda se lembram, mas o objetivo do herói sempre foi inspirar integridade, moralidade, valores e a esperança de que alguém nos salvará de nós mesmos. Entretanto, os heróis agora são mais um de nós. Não são mais íntegros, veja por exemplo Superman. Ele usa seus poderes para espionar e invadir a privacidade de Louis Lane, sua ex-mulher, agora casada com outro homem. Não bastasse isso, ele imoralmente alicia e a coloca em situação de traição a seu marido atual. Ainda no mesmo filme, o filho de 5 anos de Superman, mata um homem. Tudo bem, você pode dizer que ele merecia, mas e daí? Uma criança de 5 anos tem o poder de julgar quem vive e quem morre agora? E se ele fez sem querer, onde está a responsabilidade de quem tem poder? Essa segurança sempre nos foi dada pelos heróis que nos protegiam daqueles que irresponsavelmente usam seu poder.

Pense em qualquer filme atual, de X-Men à Tartarugas Ninja, de Rocky VI a Rambo 4, todos tiveram crises de existência em que seus poderes lhes representavam um peso muito grande e dificultavam de alguma forma no cumprimento de suas tarefas de salvar o mundo. Por que nossas novas histórias são assim? Porque queremos aproximar essas histórias da verdade ou porque estamos cada vez mais descrentes em tudo? Parece que a segunda lei da termodinâmica se faz presente até em nossas idéias e criações. Podemos ver na musica do grupo Norte-americano Nickelback, entitulada “Hero”, onde o compositor afirma não esperar mais um salvador:

“And they say that a hero can save us. Im not gonna stand here and wait… Someone told me love will ALL save us. But how can that be? Look what love gave us.
A world full of killing, and blood-spilling That world never came”.

“E eles dizem um herói pode nos salvar. Eu não vou ficar parado aqui e esperar...Alguém me disse que o amor irá nos salvar a todos. Mas como pode ser?

Olhe o que o amor nos deu. Um mundo cheio de assassinatos e derramamento de sangue. Aquele mundo nunca veio”.

Enquanto continuarmos olhando para o nosso umbigo só encontraremos defeitos e desapontamento. Super-Heróis não existem, mas não sei até que ponto deixar de aguardar por uma intervenção salvífica externa nos esta sendo útil? Cansamos de esperar ou estávamos olhando pro lado errado esse tempo todo? E se houver salvação fora da nossa superficial realidade? E se?... A ciência não tem a resposta, a religião diz que tem. Até onde você já investigou essa hipótese? Precisamos de esperança, não uma falsa esperança, rejeitamos isso (por isso humanizamos os heróis), mas uma verdadeira esperança. Você acha que isso existe? Eu creio que sim.

Devemos aceitar o finito desapontamento, mas nunca perder a infinita esperança.

Martin Luther King Jr.

3 comentários:

Anônimo disse...

Opa!

Cara, eu me interessei pelo que você comentou no 1001 gatos a respeito da interpretação da Bíblia. A principio concordo com um argumento que você já expos lá por duas ou mais vezes: que aquele tipo de interpretação é identica a do tipo de cristão que ele critica.

"...não sabe nada de Bíblia, pensa que religião é subjetiva e que a Bíblia é toda literal." foram suas palavras.

Fiquei curioso, e confesso que estou chegando pra conversar com o pé atrás (nada mais natural, não?!).

Você se identifica com o adjetivo "cristão"? Se sim, que tipo de cristão? Você segue algum principio fundamental?

Qual o tipo de interpretação bíblica você recomenda e quais são os métodos que você utiliza?

Recomenda leituras? Tem algum sitio ou textos na internet que possam me esclarecer a principio?

Não sei. Não tenho embasamento nenhum na área, sempre preferi me afastar desse tipo de discussão por não possuir argumentos e não concordar com os que ouvia. Portanto, a principio, ainda não acredito que possamos chegar a um nivel tal de fidelidade na interpretação dos textos na qual se possa ancorar.

Meu nome é Fernando. Meu email é fernando_henriquefc@yahoo.com.br

Gostaria de continuar essa conversa por email.

Até

Anônimo disse...

Boa tarde Diego.

Realmente acredito que os ideais de educação, consciência, e os sentimentos mais simples de compaixão estejam banalizados.

Será isso a nossa evolução?
Espero que não.
Mas até que ponto será que esses heróis podem nos influenciar?

Será que o retrato do herói atual é reflexo da nossa sociedade? ou meramente atualizações dos heróis antigos que grandes produtoras usam para ganhar mais ?
Já que a maiorias das produções deste anos são clichês antigos, ou seja, não foi inventado nada novo.

Na verdade eu penso que tudo isso é por dinheiro, moral e idéias nada só vieram por conseqüência.

Obs.: Eu sou o cidadão que fez a postagem de Dexter.
Abçs
Fernando.

Unknown disse...

Fernando,

Fiquei feliz com seu retorno e obrigado por comentar mais uma vez (sem demagogia). Eu concordo com vc quanto a motivação monetária que impulsiona mudanças em nosso contexto capitalista. No entanto, as mudanças, por mais que seja motivadas pela economia, precisam ser legitimas ou não encontrarão o sustento que precisam em nosso contexto. Em outras palavras, mesmo a industria, o marketing e a publicidade, precisam falar ao homem moderno. Por isso não se adaptam ao vento do acaso, mas estratégicamente se adaptam ao homem atual. As vezes, elas moldam esse homem, mas sempre com o seu consentimento, mesmo que indireto. Em suma, refletem a sociedade. Aliás a Arte sempre foi um meio de refletir a vida. Se checar as obras clássicas tanto pinturas como esculturas, elas sempre refletem o pensamento a que são contemporâneas. No período medieval se pintavam anjos, Deus, discipulos. No período do Iluminismo, formas humanas e rostos. Nós, pos-modernos, pintamos o abstrato. E etc...

Abraço!