"A Nigéria é um país que já apresenta essa realidade. A nação é dividida igualmente entre cristãos e muçulmanos, o que é mais importante para a identidade dos habitantes do que a sua nacionalidade. Desde 1990, estima-se que 20 mil pessoas foram mortas em nome de Deus. Tornando assim a Nigéria em um dos principais campos de batalha espiritual na África.
"Obviamente, americanos e ingleses não estariam morrendo no Iraque e no Afeganistão se 19 jovens muçulmanos não tivessem atacados os Estados Unidos em nome de Alá. Anteriormente o Ocidente havia intervido militarmente para proteger muçulmanos da Bósnia e de Kosovo dos sérvios ortodoxos e croatas católicos. A próxima guerra dos Estados Unidos poderá ser contra a República Islâmica do Irã. Não podemos nos esquecer da guerra na Palestina, onde todos clamam ter Deus no seu lado. Em Myanmar, os monjes budistas se rebelaram recentemente e no Sri Lanka eles tem travado uma guerra contra os muçulmanos.
"Países que eram comunistas também têm tido que lidar com a religião. A polícia secreta russa tem na igreja ortodoxa uma opositora. No parlamento polonês, os oradores fazem o sinal da cruz antes de se pronunciarem. Alguns tecnocratas chineses apóiam o confucionismo como filosofia para o país que cresce rapidamente, mas se opõem à seita budista Falung Gong e temem que os cristãos se tornem em maior número do que os do partido comunista.
"No Ocidente a religião também tem se encontrado com a política. Alguns dizem que nos Estados Unidos, a melhor forma de saber quem é republicano e quem é democrata é perguntar com que freqüência a pessoa vai à igreja.
"O mais interessante é que um pensamento comum desde o Iluminismo era que o modernismo acabaria com a religião. Claramente não tem acontecido. A maioria dos números sobre envolvimento religioso tem demonstrado que o secularismo estagnou e a fé aumentou.
A proporção de pessoas ligadas às quatro grandes religiões -- Cristianismo, Islamismo, Budismo e Hinduísmo -- passou de 67% em 1900, para 73% em 2005 e pode chegar a 80% em 2050.
"Em função desse cenário, pessoas religiosas têm tido maior participação em todas as áreas, incluindo negócios e economia. Durante a maior parte do século 20, a religião não fazia parte da política. Pensava-se que Deus havia sido desfeito por Darwin, escanteado por Marx, destruído por Freud e assim por diante.
"Mas por que o poder da religião parece estar aumentando? Primeiramente devido a uma série de ações e reações entre as religiões. Em segundo lugar, a globalização tem ajudado a propagar as religiões."
Tradução: Marcelo Dias
Publicado em: 12/11/2007
Site: http://mecdias.blogspot.com.