quinta-feira, fevereiro 14, 2008

Porque Pessoas São mais importantes do que Coisas?

Há alguns meses atrás escrevi um post comentando como temos dado mais importância a coisas do que a pessoas em nosso contexto moderno. Algumas semanas depois fiquei pensando no porque isso é um absurdo. E descobri uma verdade interessante e óbvia que permaneceu adormecida em minha pauta até agora.

Recentemente ao conversar com uma pessoa que tinha acabado de conhecer ouvi ela espontaneamente dizer que a humanidade tem valorizado mais as “coisas que as pessoas”. Isso me trouxe até o computador motivado a terminar o que comecei, ao ver que estou longe de ser o único a pensar dessa maneira.

Bem, vamos a pergunta crucial, sem mais delongas, porque pessoas são mais importantes do que coisas? Para isso é preciso, primeiro, que avaliemos o que faz uma coisa ser valiosa em nossa realidade? O que dá valor as coisas? Como exemplo clássico vamos aos minerais mais famosos e cobiçados, o diamante e o desejado ouro. O que os faz tão valiosos? A resposta é simples e se encontra na mais importante lei capitalista, a da “oferta e da procura”. O que fazem esses minerais valiosos? Sua raridade. Quanto menor a quantidade disponível e menor sua ocorrência natural mais caro ele é.

Nossa resposta começa a se desenhar. Vamos pensar mais um pouco antes de qualquer conclusão. Quantos de você existem? Quantos pais e mães você tem? E mesmo tendo muitos irmãos, cada um tem um significado particular para você, não se pode livrar-se de um e substituí-lo por outro. Cada um é único para você, assim como você o é para o mundo. Cada ser humano vivo ou que já viveu carrega uma parcela particular de raridade. Cada um de nós é irremediavelmente insubstituível. É por isso que a morte é tão dolorosa. Por que em cada morte há uma perda irreparável. Por mais que tentemos encontrar um consolo em doutrinas como a da imortalidade da alma, nosso sofrimento enfrente a morte de um querido sempre carrega um pesar de separação definitiva. O choro é de perda total e irreparável. Isso demonstra o quanto as pessoas são valiosas, e como que mesmo inconscientemente elas valem muito mais do que qualquer “coisa”. A perda de uma coisa nunca é tão dolorosa quanto a perda de uma pessoa.

É por isso que mesmo havendo milhares de pessoas morrendo e nascendo diariamente, cada uma que chega e que vai possui em sí um valor insubstituível e inestimável. Isso tudo também me ajuda a expor um argumento contra a doutrina da reencarnação(doutrina que eu pessoalmente não creio). Se somos imortais e vivemos encarnando e reencarnando, a vida não é tão rara e única assim. Sendo substituível ou mesmo descartável. A idéia da imortalidade da alma, que prega a ascensão ao céu ou a descida para o inferno, a parada estratégica no purgatório (ou mesmo a volta a vida como outra pessoa ou animal) ajuda a banalizar a vida humana. E ao contrário do que muitos imaginam, não é bíblica como dizem. Mas essa é uma discussão gigantesca, que não quero trazer agora. Quem sabe mais tarde conversemos sobre isso...

O que nos importa agora é repararmos o quanto somos únicos, e os outros que ao nosso lado vivem, e que estes importam mais do que as coisas que também nos rodeiam e gostamos. Repito meu conceito anterior: Quanto mais humanos, mas gostamos de gente.

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