terça-feira, fevereiro 10, 2009

Um prego no inferno.

Há 3 tipos de pessoas com as quais me preocupo e tenho muita pena. (1) Os que não querem ser salvos, (2) os que querem forçar os outros a serem salvos e (3) os que não mudam. Está certo que todos estes 3 grupos tem algo em comum, a incapacidade da mudança. Cada um com suas próprias razões. Mas o formato é o mesmo, uma consistente fixação na sua própria posição. Acho que no fim de tudo os 3 grupos se resumem ao último. Pessoas que não mudam.

O próprio conceito de pessoas que não mudam, é paradoxal porque todos nós mudamos. Quer queiramos ou não. O problema desses no entanto, é não querer mudar. Estão travados por si mesmos. E quais serão as razões disso? Eu compreendo duas de imediato. Auto-defesa e egoísmo. Ambas remetem ao orgulho. E não se enganem com a auto-defesa, ela não passa de um sentimento de auto-proteção do ego(eu). Podem haver mais, ou talvez eu esteja vendo duas em uma única razão, mas o fato é que por trás de tudo vejo o danado do orgulho.

Nossa capacidade de mudança é a responsável por centenas de anos de evolução humana (não no sentido Darwiniano) social, cientifica e pessoal. É a capacidade de mudar que nos faz crescer (literalmente também), aprender, adaptar e etc. É essencial para a vida. No entanto quem é que nunca, uma vez ou outra, fosse pela simples razão de não saber para onde ir, ficou parado sem mudar? Todos nós. O problema não está em um momento isolado, numa exceção a regra, mas fazer de si mesmo um individuo tão auto-centrado a ponto de não mudar. O famoso teimoso.

Porque não mudar? Não arriscar? Não abrir mão da sua segurança própria ou dos

interesses próprios em nome de uma existência melhor? O pior é um relato bíblico que nos esclarece ainda mais sobre este assunto. Há um texto de Jesus em Mateus 7:22 em que Ele diz que ao voltar a Terra, haveria uma separação entre os justos e os injustos. E muitos dos injustos diriam: “Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos muitos milagres?”

Ou seja, existem pessoas que são capazes de discutir com o próprio Deus para justificar suas posições. O orgulho é tão grande que foi ele a causa da cisão no céu, a causa da queda humana e é o que fará com que seres humanos até mesmo questionem a Deus. O orgulho sempre vai longe demais. E quem não muda vive assim, fincado cada vez mais profundamente naquela posição em que se encontra.

Meu objetivo neste texto não é falar de salvação ou de conversão (mudança de direção). Mas falar de comportamento, de mentes abertas. Só podemos ser melhores se estivermos suscetíveis a mudanças. Sem exageros, é claro, tem gente que muda só por mudar, sem razões ou sem sentidos. Não é disso que estamos falando, falamos de re-avaliações, de re-analises de nossa vida e situação. Estamos prontos para mudar? Sem isso não vamos a lugar algum, ficamos parados no mesmo ponto sempre.

Mudanças são imprescindíveis em relacionamentos também. Ninguém gosta ou consegue conviver ao lado de quem não muda nunca. Pessoas intransigentes são logo deixadas sozinhas. Em se tratando de relacionamentos, mudanças pra melhor são inegociáveis. Precisamos nos atualizar para aquela(e) com quem nos relacionamos, ou não estaremos realmente amando. Não por exigência do outro, mas por necessidade nossa de sermos valiosos aqueles a quem amamos. Posso até dizer que sem mudanças não há amor. Mas ai você pode argumentar, “mas o amor nunca muda”! O sentimento não, mas a sua forma, sim! Precisa mudar. Adaptar-se. Mas aqueles que não reconhecem o amor como uma doação, e sim como um ato de receber, amam tanto quanto mudam. Em outras palavras: não amam, não mudam. Por isso acabam sozinhas, nunca foram outra coisa, senão sozinhas. Estavam apenas na companhia de alguém, que por mudar, logo reconhecerá que ao lado dela não será feliz, nem retribuído, e se move. Enquanto ela, ainda assim, não se move. Ou se move tarde demais. Uma perda de vida.

A questão toda da mudança pode se resumir em um conceito simples. O mundo muda, tudo muda ao nosso redor. Um prego colocado em uma parede, cedo ou tarde será considerado um prego fora do lugar, aporque a disposição de um quarto não dura para sempre, as paredes não duram para sempre, uma casa não dura para sempre. Tudo muda, e se o prego não mudar de lugar, será irrelevante, ultrapassado, lixo. Um dia a casa cai e o prego cai com ela. A pessoa que não muda é alguém tão comprometido consigo mesmo e sua posição, que não se move, ainda que seu lugar entre em chamas. “Um prego no inferno”.

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