quinta-feira, janeiro 05, 2012

Criados Para Criar


Uma das perguntas mais básicas que uma criança faz logo que entra em contato com o conceito de Deus é sobre Suas (de Deus) origens e engrenagens de funcionamento. Como uma criança pode se atrever a fazer a maior de todas as perguntas?! Pergunta esta que nós adultos imediatamente descartamos pelo assentimento de nossas limitações em compreender o infinito e ilimitado Divino. Porém, nosso desejo de adentrar nos detalhes do infindo, permanece lá.

A autora americana Ellen White adiciona a esta informação a ideia de que em toda a eternidade nossa mente estará envolvida na tentativa de compreender a Deus. Uma busca que parece, provavelmente, sem fim. Entretanto ninguém arrisca uma resposta contundente sobre este tema sem desgastar sua própria credibilidade. No entanto, nosso desejo de adentrar nos detalhes do infindo Deus, permanecerá em nós, mesmo na eternidade.

Por outro lado, Deus parece dar claras demonstrações do Seu interesse em Se revelar a nós. E, por incrível que pareça, não há forma melhor de entender isto do que olhando para nós mesmos.

Não, não somos Deus. Nem formas menores de divindades. Mas o texto bíblico confirma que fomos criados a Imagem e Semelhança de Deus (Gn 1:27). E estes atributos não são os atributos físicos do Criador. São Suas caracteristicas essênciais. Veja bem, na intenção de dividir o que Ele é,Deus decide criar o homem com os mesmos atributos que Ele tem. Vida, liberdade e virtudes. Deus pode viver, nós também. Deus é livre e nós também. Deus ama e nós também podemos amar. E estas duas últimas características são na verdade a própria essência da vida. Afinal, o que é viver se não usar nossa liberdade, utilizando nesta liberdade, as virtudes que temos e somos?

Confirme estas verdades analisando como se processa o castigo em nossa realidade. Um dos maiores medos do ser humano, depois da morte é a clausura. É por isso que prendemos em cadeias os que infringem as leis. Não há modo pior de tratar um ser humano, ou de fazê-lo sofrer/pagar/refletir, do que tirarmos dele os seus atributos mais primários de liberdade e virtude. Numa cela solitária da cadeia, não há liberdade, nem a possibilidade de uso das virtudes na vida prática. Não se pode interagir com ninguém, e para tornar as coisas ainda piores, não há nada para se fazer. Essa é a morte em vida. Não é atoa que a tememos. É a punição máxima antes da morte. E se pensarmos bem, é o próprio conceito da morte em ação. Afinal, o que é a morte se não o fim da oportunidade de usar nossas virtudes livremente?

Se um ser humano for posto em um ambiente vazio, sem luz, sem cor, sem cheiro, sem tempo, sem nada. Qual será seu primeiro impulso? Qual será seu primeiro desejo? Criar! Agir (materializar uma virtude). Não é por acaso que as maiores expressões humanas (virtudes) são as mais criativas. E a expressão máxima de nossas virtudes vem pelo ato de criação. Por exemplo, todo romântico é criativo. Porque as melhores formas de expressar o amor são aquelas que somatizam e sumarizam o sentimento de alguém de maneira nova, inédita, única! Mas e se alguém não for criativo o suficiente para expressar o amor? Então aceitamos o seu esforço. Porque indica que aquela pessoa está usando ao máximo as virtudes que tem (mesmo limitadas e pouco desenvolvidas) e está expressando sinceramente o que sente com tudo o que tem. E isso sempre será único, visto que cada pessoa é diferente.

Por isso os artistas são tão bem reputados e valiosos em todas as culturas. Estes são os que conseguem expressar da melhor maneira o que são lá dentro. Utilizando as suas virtudes e habilidades dadas por Deus para expressar o que são e estão. Por isso quadros custam caro, há muito mais do que tinta ali, há virtude. Dai o porque de chamarmos os melhores artistas de Virtuosos.

Portanto, recebemos de Deus as dádivas que Ele mesmo abriga desde os tempos eternos. Recebemos liberdade e fomos habilitados por Deus com virtudes para usarmos esta liberdade. E assim como Ele, expressamos a vida por meio da criação. Nossas criações. Nossas próprias e individuais criações, originadas em nossas virtudes e pavimentadas pela liberdade que a nós é garantida.

Cada escolha, cada pensamento novo, ou lembrança toma vida e existência por meio de nossas experiências pessoais. Sem a minha presença, jamais existiriam os meus pensamentos e as minha lembranças, assim como minhas ações. Sou eu que dou vida a tudo isto. Posso criar conceitos, objetos, ferramentas e até outro ser humano que se assemelha a mim (filhos). Como Deus fez.

Lembre-se agora do que confere valor as coisas: Raridade e frequência. Quanto mais frequente ou comum é uma coisa, menos valor ela terá (banana). Quanto mais raro, mais valor esta coisa tem (diamante). O comércio sistematizou este conceito com uma das mais famosas leis, a da oferta e da procura. Quanto maior a oferta menor o preço, quanto maior a procura, maior o preço.

Se parar para pensar, somos uma pessoa num mundo com 7 Bilhões de pessoas, num planeta ao redor de outros 8, em um sistema solar no meio de 100 Bilhões de sistemas dentro da minha única galáxia. Que uma galáxia das 500 Bilhões que o Universo, no mínimo, contém. Eu não sou nada! Não tenho nada! Não valho nada!

No entanto, tudo o que eu crio é único em todo o Universo. Ninguém pensa como eu penso, lembra do que eu lembro, aje como eu ajo e tem ao menos a mesma digital que eu tenho. Não divido meu código DNA com ninguém e a minha mente é única. Isso me confere muito valor.

Por isso Deus ama os louvores (expressão artística, músical, literária e etc.). Porque cada louvor é uma expressão original, única, e verdadeira, de alguém. É o ser sendo posto em franca produção, utilizando suas virtudes e liberdade para criação de algo que dará a honra devida a Deus. Algo sempre novo e inédito. Não que Ele precise disso, um simples choro de um bebê (sinal de vida) é o suficiente para honrar o Criador da vida. Mas nossos louvores, nossas formas de adoração são atos perfeitos de criaturas criadas para criar.

Veja mais um exemplo prático: O melhor presente que um pai ou uma mãe pode receber não advém de qualquer objeto de valor. Mas de qualquer ato criativo do filho no qual ele expresse por meio de suas virtudes, e em liberdade aquilo que ele sente por seus pais. Alguns pais dizem que nem um presente é necessário, basta ve-los em crescente desenvolvimento. Entendeu?

Fica óbvio, que fomos criados para criar.

Criados a imagem e semelhança do Criador.

Por que?

Porque Tão certo quanto nós tentaremos entender a Deus pela eternidade, hoje mesmo há quem O tente decifrar. E é por isso que Ele resolveu criar uma raça a Sua imagem e semelhança. Uma tentiva de Se detalhar, Se abrir, Se fazer decifrar, Se entregar a uma relação mais intima com suas criaturas. E mesmo com a natureza caída, ainda é possível ver os atributos de Deus na humanidade. E quando restaurada, a miniatura criada, permanecerá sendo uma forma detalhada de revelação de quem Deus é, como já o é hoje aos outros seres do Universo.

Para se explicar, se revelar, se detalhar, Deus criou a humanidade.

Cada um com os seus atributos particulares, dividindo assim uma mesma origem. Todos somos capazes de amar, criar e ser livres. Mas nossas habilidades e virtudes são diferentes para que cada um seja diferente e crie de maneira diferente. Não fomos criados para a uniformidade. Fomos criados para a eternidade. E a eternidade livre é o próprio principio do infinito. Se eu posso ir pra qualquer direção tendo todo o tempo do mundo, isso é o infinito.

E ao mesmo tempo que temos todos diferentes virtudes, partilhamos de uma mesma origem, de mesmos atributos, de um mesmo Deus. Sendo assim, ao olharmos para a humanidade é possível ver um retrato pixelado de Deus. É como se Deus para se detalhar tenha criado uma multidão de fragmentos de Sí mesmo para explicar a uma criatura incapaz de olhar o infinito como um todo. O relato da criação em Gn 1:27 diz que a imagem de Deus está no homem e na mulher. Se considerarmos as abissais diferenças entre um e outro, perceberemos que a expressão de ambas em um único ser seria de uma compreensão intangível para nós. Assim Ele separa a “força” da “doçura” no homem e na mulher. Sua imagem e semelhança não está em um de nós, mas em todos nós. Mas isso não quer dizer que eu sou Deus e a humanidade junta é Deus. Quer apenas de dizer, que na minha infinita pequenez, posso me parecer com Ele. Quer dizer que ao olhar para a Humanidade será possível ver a imagem e semelhança de Deus. Quer dizer que uma das razões de Deus ter criado o homem é Se explicar ao Universo. Quer dizer que a maior de todas as perguntas já começou a ser respondida, em nós.

5 comentários:

Kedson disse...

Nossa! Que texto tremendo!!!! Realmente somos a imagem do nosso Criador! Que coisa fantástica. Pr Diego que Deus possa continuar te abençoando grandemente, para que você sempre tenha o ânimo para criar esses verdadeiros diamantes que são únicos e com certeza, como você mesmo mencionou, de grande valor ao nosso Deus. E para quem pulou o texto e veio ler o comentário. Não perca tempo! Leia esta magnífica obra prima e se sinta motivado a buscar o que realmente importa e poderá suprir todos os teus desejos e necessidades! Amém!

Kedson disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Karina Landim disse...

Nossa inspirador pastor, aliais a inspiração que estava faltando pro meu sermão de amanhã.
Amei! Valeu!

PORTAL MARANATA 7 disse...

Very very very good!!!!!!

JONAS DE SOUZA NETTO disse...

Adorei! Infelizmente, temos limitado/removido esta capacidade (built-in) que Deus nos deu, de nossos irmãos na igeja. Precisamos motivar os nossos irmãos a ativar esta funcionalidade (100%) para o "IDE, PREGAI, FAZEI DISCUPULOS..." Isto é o que é para mim a Santificação... Deus abençoe os seus sonhos!