sexta-feira, junho 15, 2012

A Coroa, O Trono e O Servo


Já se perguntou porque em todas as culturas os reis se assentavam em tronos? Quem ensinou as mais antigas e variadas culturas que há um lugar especial para os reis? Os reis poderiam usar outras formas. E é de se admirar, no entanto, que todos eles usassem a mesma forma de simbolismo para o rei, o trono e a coroa. Alguns estudiosos da teologia enxergam esta como uma reminiscência pré-Edén. Uma das coisas que sobraram na cultura humana depois do breve convívio com Deus e o Edén, seguindo-se a criação. Faz muito sentido em vista do uso deste costume nas mais antigas culturas e de sua presença  em quase todas, mesmo não havendo contato algum entre algumas delas. 

Entretanto, sendo uma influência do Céu ou não. Cabe aqui a reflexão, pra que serve uma coroa e um Trono? Parece óbvio que um trono só pode ser sentado por uma pessoa. E o que se senta no trono desponta sobre todos os outros, posicionando sobre eles e destacando que entre todos os presentes daquela comunidade aquele é alguém diferente, destacado, importante, principal, rei. Portanto, parece que o trono serve pra separar e destacar uma pessoa das demais. Mas como fazer isso se ela não estiver perto de um trono que não pode ser levado a qualquer lugar? Ai entra a coroa. Uma coroa leva o efeito do trono aonde o rei estiver. É um simbolo da realeza e da importância sobre todos os outros seres “normais”. 

Hoje em dia nos parece que esses simbolos seriam desnecessários. Afinal de contas, basta reconhecer quem é o rei e pronto, não nos esqueceremos mais disso. Não necessitamos do brilho dourado de uma coroa incidindo sobre nossos olhos para reconhecermos alguém rei. Nem de um trono pomposo para chegarmos a mesma conclusão. No entanto, o céu, um ambiente perfeito faz uso desses simbolos. Faz algum sentido, quando o que se assenta no trono é Deus?

Acontece que uma das características que herdamos de Deus quando fomos criados é a de nos adaptarmos a todas as situações da vida. Por isso um jovem apaixonado tem o seu coração palpitando mais forte, as mãos suando frio, a adrenalina no sangue, as pupilas dilatadas e ainda outros sintomas de nervosismo quando está perto da moça amada. Ela nem precisa fazer nada, basta aparecer perto dele. Porém, quando casado com a mesma moça, após alguns anos, ela o chama para a sala de casa, e quando ele chega lá, suas pupilas não dilatam, ele não recebe uma descarga de adrenalina, nem mesmo de endorfina, suas mãos não suam e seu coração não muda o batimento cardíaco. Tudo é muito normal e aquela paixão já não tem mais o mesmo efeito. Embora ele ainda ame a mesma moça. Nós nos adaptamos e nos acostumamos com tudo. E isso é muito bom. Se a moça em questão continuasse por toda a vida gerando nesse rapaz as mesmas reações intensas constantemente o relacionamento seria desequilibrado. O rapaz idolatraria a moça. O resultado seria uma devoção doentia. A beleza do amor, está em ser mantido mesmo com a ausência destes desejos da paixão. O amor incondicional só pode ser reconhecido quando não está condicionado a nada. 

Voltando dessa digressão; o mesmo ocorre no céu. Não é de se admirar que o anjo por quem entrou o pecado fosse o anjo mais próximo de Deus e de Sua Glória! Se fosse um anjo “qualquer”, um anjo na multidão, eu acharia estranho. E é exatamente por estar do lado de Deus, por se acostumar com a presença de Deus, por permitir que o Divino se torna-se comum aos seus olhos que ele ousou desejar ser mais do que era. Não é atoa que Jesus tem de ser reafirmado como Filho de Deus e portanto Divino também. Porque o convívio com Jesus pode ter deixado as coisas comuns. Isso nos diz duas coisas sobre Deus. Primeira, Ele quer ser muito próximo de nós. Comum a nós. Entretanto, a manutenção de simbolos como o trono e a coroa, nos dizem a segunda coisa a respeito de Deus: É importante para nossa própria segurança (e do universo) nunca nos esquecermos quem é o Rei do Universo! Por mais próximo que Ele seja de nós. Forças opositoras ao divino Rei só nos trouxeram dor, sofrimento e morte. É tão importante quanto ter um pai ao recém-nascido que criaturas compreendam que há um Deus Criador no trono do Universo. É por isso que no meio de tudo haverá um inconfundível, incontestável, Trono fulguroso.

A coroa e o trono de Deus são a nossa garantia de que Ele poderá ser muito próximo a nós sem que nos esqueçamos quem Ele é. Deus não quer ser distante, Ele é o Rei, mas quer ser o amigo, o Pai, o irmão, o próximo, o íntimo. Então você pode perguntar, mas havia um trono e uma coroa no tempo da traição de Lucifer, e isso não o impediu. E você tem toda razão. Porque o trono e a coroa apontam o Rei, mas ainda é necessário mais um simbolo. Ai está o problema e a limitação da coroa e do trono, não revelam nada sobre o caráter do rei. Dai a necessidade de um outro simbolo. E as feridas nas mãos e pés de Jesus são nossa garantia de que não nos deixaremos esquecer que morto foi o Rei para que estivéssemos tão perto dEle. Que a proximidade foi demonstrada quando ainda estávamos distantes. Não seremos capazes mais de esquecer que o Rei foi também o Servo. Que desceu a nossa estatura, sem perder a própria, para nos olhar nos olhos. Que Serviu-nos como justo e foi condenado como um injusto, para que fossemos próximos eternamente. As marcas também garantirão que não esqueçamos que digno de ser Rei sobre o Universo é Aquele que embora Rei, permitiu-se uma coroa de espinhos por amor a nós. E por mais próximo que Ele for de nós por toda a eternidade, jamais nos esqueceremos que O Rei é o maior de todos os servos. Esse é o Seu caráter! E digno de todo louvor para sempre!

Um comentário:

Profª Ana Carmen disse...

Que profunda e bela essa crônica Pr. Diego! Fiquei emocionada! Que a sabedoria concedida por nosso Pai possa sempre ser a base de suas mensagens!