terça-feira, agosto 29, 2006

Porque não voto Heloísa Helena

Voto em Alckmin por uma simples razão (embora haja mais razões, me aterei a mais simples de todas). Voto em Alckmin porque não posso votar em Lula, muito menos Heloísa Helena. Em minha próxima aparição falarei sobre o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No momento abordarei apenas a candidata do PSOL. No texto abaixo demonstro por dois métodos distintos porque não posso entregar meu País nas mãos de Heloísa Helena. Que embora idealista, mostra-se despreparada para ocupar o cargo de maior importância do poder Executivo. Talvez, esse nome: Executivo, tenha influenciado mal a candidata, que parece pensar ser possível simplesmente “executar” aquilo que apenas com planejamento e estratégia pode ser realizado.

No vídeo abaixo encontra-se parte do 1° debate entre os presidenciáveis realizado na TV Bandeirantes. Neste vídeo encontramos a solução de Heloísa Helena para o Problema do Juros no Brasil. Em seguida você lerá um texto do famoso Administrador, Stephen Kanitz, publicado na revista Veja de 30 de Agosto de 2006, sobre o problema dos juros e a solução do mesmo. Vale a pena ler.

É impressionante e assustador o número de políticos, líderes sociais, empresários, advogados, candidatos a Presidência da República, jornalistas e leitores que ainda não entendem por que o Banco Central não baixa os juros em termos reais. O que caiu até agora foi a inflação, os juros reais até subiram nestes últimos doze meses. Muitos ainda acham que quem decide a taxa de juro é o Banco Central, que pode reduzi-la por canetada, ou pensam que falta “vontade política” para reduzir os juros a patamares decentes. Se você é um desses, lembre-se desta singela lição de economia e administração econômica: só existe uma maneira de reduzir os juros em um país onde o Estado toma emprestados para si 80% da poupança do povo. A única forma de baixar os juros nesses casos é reduzir a dívida, devolvendo o dinheiro emprestado aos seus legítimos donos, o poupador brasileiro.

Se o governo dissesse para os bancos: “Tomem seu dinheiro de volta, não queremos mais esses empréstimos caríssimos.", os bancos ficariam com um monte de recursos parados nas mãos, sem remuneração, e perderiam dinheiro. Para emprestarem de novo, teriam de reduzir os juros. Administradores financeiros competentes muitas vezes conseguem essas reduções, simplesmente “ameaçando” devolver suas dívidas. Se o governo começasse devolvendo pelo menos 10% da dívida, e “ameaçasse” devolver mais 20% nos próximos anos, o juro real, aí sim, despencaria.

Nenhum governo até hoje nestes 500 anos devolveu as dívidas que governos anteriores contraíram. Não há interesse nem estímulo político em pagar o que o governo anterior tomou emprestado e gastou. Isso até dá para entender. Todo governo quer ser reeleito e para isso tem de gastar mais do que o governo anterior, e não pagar o que é devido.

O ex-Ministro da Fazenda Delfim Netto ficou famoso por defender abertamente, em 1982, a seguinte heterodoxia econômica: "Dívida não se paga. Dívida se rola". Delfim felizmente já mudou de idéia, e talvez seja o único deputado federal que percebe que a única forma de baixar os juros é reduzindo o montante da dívida em termos absolutos, via seu plano de déficit zero. Reduzir a dívida como proporção do PIB, política defendida atualmente pela maioria de seus colegas economistas, não reduz necessariamente o montante da dívida. Só a faz crescer num ritmo menos acelerado.

A história mostra que governo algum devolveu aos seus legítimos donos a dívida interna que contraiu. Pelo contrário, de tempos em tempos, na época de inflação brava, o governo tungava os investidores em 30%, e a famosa correção monetária ao longo de sua vida só “corrigiu” 10% da inflação, e não os 100% prometidos. Os cinco milhões de famílias que poupam e investem em títulos públicos, via seus fundos de pensão ou esses fundos DI, estão obviamente ressabiados. A maioria acha que a dívida nunca será devolvida, por isso os juros são elevados. Elas tentam recuperar o investido via juros, e não via devolução do principal. Para piorar a situação, a cada eleição aparece um candidato ou candidata que culpa os bancos e os poupadores pela alta dos juros e anuncia o repúdio da dívida ou o seu calote, o que confirma as piores suspeitas e eleva os juros reais para os níveis que temos.

Quem determina os juros, como tudo, é o mercado, nesse caso os milhões de poupadores brasileiros, gente que tem medo de investir em bolsa ou abrir sua própria empresa. Como prova do que estou dizendo, o governo Lula devolveu 100% da dívida externa aos poupadores americanos, e o risco Brasil, os juros que cobram das empresas, nunca esteve tão baixo. Falta agora devolver a dívida interna.

A primeira lição ética que cada mãe ensina aos seus filhos é “devolver sempre o que tomou emprestado”, algo que muitos bandidos, políticos e governos ainda não aprenderam. Se você é um daqueles que querem ver este país crescer novamente, saiba que ninguém irá “reduzir” os juros. Lute para que o governo devolva a dívida que contraiu e nunca devolveu. Aí sim, o governo reduzirá suas despesas de juros para zero e a taxa de juro cairá a um nível que fará o país crescer. Além do mais, nem seria ético nossa geração, deixar para a próxima uma dívida que é nossa obrigação pagar.

Stephen Kanitz é formado pela Harvard Business School (www.kanitz.com.br)

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