quarta-feira, agosto 29, 2007

E se o homem pudesse criar vida?

Grande problema ele criaria. Eu estava lendo um tópico em outro blog (http://1001gatos.org/uma-definicao-definitiva-de-vida/) sobre o sonho da Ciência de criar vida em laboratório. De fato, o sonho é bem mais incrível. Queremos criar vida de matéria inorgânica. Isso seria impressionante, mas seria possível? Parece que encontramos no silício o melhor substituto para a matéria orgânica, composta de carbono, para a criação da vida.

Ok, legal, mas quais são os efeitos de um feito destes? Eu não quero falar sobre o processo de clonagem aqui, mas essa foi a primeira barreira que tentamos cruzar. Alguns cientistas gostam da idéia, outros odeiam. E isso nos traz um ponto de vista bem interessante sobre o assunto. Siga-me. Francis S. Collins, Diretor do projeto Genoma, disse em uma entrevista a revista VEJA esse ano que não via na clonagem nenhuma soma positiva e que no fim só nos odiaríamos mais e nos sentiríamos mais sujos e culpados por a termos feito. Eu tenho que concordar com ele. As questões éticas que podem se levantar desse caso estão além da nossa capacidade de lidar com elas. Todo o mundo seria abalado por isso. A própria essência de nossa existência seria posta em uma séria discussão.

Então, e quanto a criação de vida? Eu acho que você já entendeu o quadro. As questões éticas concernentes a criação de vida são ainda mais profundas que as da clonagem. Imagine as questões mais superficiais que surgiriam: O que esse ser será? Qual o significado de sua existência? O que deveríamos ser para ele, Mestres, deuses, país, irmãos? Se são nossa criação, são nossa responsabilidade, deveríamos então garantir sua existência? Ele seria livre? E a lista é infinita.

Se a última pergunta foi respondida positivamente, então isso indica que nossa criação pode nos dar as costas! Significa que teria o direito de lutar contra nós, odiar-nos, culpar-nos, fazer exatamente o que fazemos com Deus. Se você não crê em Deus, é exatamente esse direito de livre-arbítrio que seria garantido a nossa criação. Eu sei que estamos falando sobre uma forma de vida inteligente, e eu sei que não começaria assim, mas com certeza esse é o fim desejado. Embora possa ser apenas como um animal no começo, mesmo assim, não importa que forma de vida possuísse, levantaria questões éticas além do conhecimento sobre nossa própria existência. Ao menos o que cientificamente sabemos sobre nossa existência, origem e razões de existir.

Não parece óbvio que com todas essas questões éticas, e necessidade de conhecimento, a ciência e a religião deveriam deixar seus preconceitos para trás e iniciar uma busca das respostas necessárias? Religião não tenta mais negar a ciência, isso foi no período Medieval. O que temos hoje são maus religiosos e má ciência. De ambos os lados há dogmatismo e preconceito. Um lado só vê os podres do outro, mas a sociedade continua sem as respostas. A ciência tem ido muito longe ignorando o poder e a legitimidade da religião, mas cedo ou tarde ela terá de encara-lá novamente. Não importa quão avançada ela esteja. E se a religião tiver a resposta? Eu não estou falando de um sistema religioso, mas do conteúdo de uma religião. Não acha intransigente negar essa possibilidade? No entanto, o contrário também se aplica.

Maus cristãos são como maus cientistas. Humanos são imperfeitos em todo lugar. Até Richard Dawkins é antipático, arrogante e dogmático, igual a George W. Bush. Mas esse é outro tópico.

Um comentário:

Unknown disse...

Eu gostei muito do seu ponto de vista, mas não sei parece que nós ultimos paragrafos não ficou claro o seu argumento sobre a Igreja.


Parabéns