sexta-feira, março 27, 2009

A Teoria das Multiplas Burrices

Parece uma coisa bem óbvia, mas googleando por ai percebi que ainda não pensaram nisso. Howard Gardner formulou em 1985 a Teoria das múltiplas Inteligências. Uma teoria que acaba com a maneira como medimos a inteligência de alguém, o famoso teste de QI. Mas essa teoria fez e faz muito mais. Ela ajuda as pessoas a entenderem e identificarem aquilo no que realmente são boas. Onde está a inteligência de cada um. Sendo assim, a teoria demonstrou que há pessoas, por exemplo, em cuja inteligência reside na capacidade Lingüística. Elas possuem “uma sensibilidade para os sons, ritmos e significados das palavras, além de uma especial percepção das diferentes funções da linguagem”. Outras possuem Inteligência Musical, Lógico-Matemática, Espacial, Cinestésica, Interpessoa e Intrapessoal. Todas elas podem ser desenvolvidas.

Mas o que parece tão óbvio realmente, é que se existem “múltiplas inteligências” também deve existir as “múltiplas burrices”. Pra cada inteligência existente é preciso que haja uma burrice correspondente. Isso também explica muita coisa. Alguém disse (e não vou me arriscar a dizer quem pra que minha burrice não fique tão patente) “Invejo a ignorância, porque ela é eterna”. Embora a ignorância seja apenas uma forma de burrice, sim ela sempre nos acompanhará. Há os burros musicais (eu, desafino até no pensamento), os burros Lógico-Matemáticos, os burros espaciais, cinestésicos, interpessoais e intrapessoais. Antes que você pense que eu devo me achar arrogante por falar tanto da burrice alheia, preciso lhe dizer que o que me fez perceber as múltiplas burrices, foram as minhas próprias burradas.

Descobri logo cedo, que sou um burro no que tange a inteligência espacial, quando minha letra era horrível, eu não conseguia seguir os pontinhos e era péssimo jogando bola com os amigos. É por isso que odeio futebol, jogo tão mal, tão mal, que nas poucas vezes que tentei, depois de me tornar adulto, me certifiquei que o campo definitivamente não era o meu lugar. Isso não quer dizer que estou para o sedentarismo, mas definitivamente não estou para o futebol. Me lembro do último jogo que brinquei (sinônimo perfeito de: atrapalhei o jogo dos outros ou diverti a muitos). Quando um amigo lançou uma bola alta do outro lado do campo em minha direção eu me desesperei imediatamente. Não importava a velocidade da bola, o ângulo, o peso dela ou minha posição em campo (estava sozinho), eu sabia de uma coisa... Não fazia a mínima idéia de onde aquela bola ia cair e sabia que ia por tudo a perder. Me lembro que nas breves frações de segundos que se seguiram, eu calculei (mal) que a bola chegaria a minha posição na altura do meu peito. Me preparei para o impacto e para recebê-la. Estava errado. Ela me alcançou na altura da minha cintura. Mas eu ignorei completamente a realidade e tentei abaixar meu peito até a altura da bola. Imagine alguém tentando matar uma bola no peito que está na altura da cintura!!! Pois é, espero que esteja rindo, como aquelas pessoas todas me olhando. Uma coisa é certa, embora eu até possa me desenvolver e mudar esse quadro. Eu sou um burro pra essa atividade.

Mas todo esse insight e discurso é só pra gente parar um pouco e pensar o quão incompletos nós somos. Não importa se você é P.hD (conheci um que não sabia dirigir), se você é um grande expoente na medicina, ou qualquer outro campo da inteligência. Juntamente com as nossas glórias nossas burradas nos acompanham. Não importa se você é o Richard Dawkins, o Dalai Lama, o Barack Obama, o Osama (não, eu não quis rimar) ou o Papa Bento XVI. Sempre erramos. A questão é, estamos dispostos a aceitar isso?
Estamos sempre falando de “inteligências”, mas parece que ninguém está realmente disposto a falar das burrices. Pra analisar os erros, pra pedir ajuda! E aí que esta o pior mal da burrice. Não são os erros que ela provoca. O pior é se fingir de morta. Eu me impressiono em como sou esperto e inteligente para certas coisas e ignorante e tolo com outras. A percepção destes erros é muito importante para o crescimento. Mas quanto mais os percebemos, mais entendemos como somos e continuaremos sendo incompletos.

Me admiro muito dos escritores do evangelho e o próprio Jesus falarem de como preencher essas lacunas num tempo em que ainda não se falava de múltiplas inteligências. Me admira como perceberam que somos todos incompletos e que carecemos de algo para nos completar. E antes que você pense que vou me tornar místico aqui e dizer o quanto Jesus pode ser um placebo espiritual ou pode te ajudar subjetivamente. Eu preciso te dizer que eu creio que Ele é real pelas coisas que Ele falou. Pelas provas que Ele me deu. A garantia que Ele dá na Bíblia é a mais realista de todas, na prática. Veja.

Os pessimistas e céticos dirão que é impossível mudar, estamos condenados a oscilar entre nossas glórias e fracassos para sempre, a mercê de nossas fraquezas. Os otimistas dirão que nós podemos mudar realmente mesmo não vendo nem uma evidência disso ao longo da história humana. Jesus diz que jamais poderemos mudar enquanto tivermos essa natureza, mas diz que nunca mais seremos os mesmos (em uma constante mudança e crescimento) se O conhecermos. Algo do tipo: Keep it going (continue em frente). Estou certo de que essa é a melhor solução prática e plausível. Nunca seremos perfeitos e completos, porque acidentalmente e naturalmente erramos. Múltiplas inteligências e múltiplas burrices são naturais. Mas podemos melhorar sempre. Posso lutar todo dia pra ser melhor que ontem. Sem recuar um centímetro, e ainda assim continuarei imperfeito. Mas com a certeza de que posso melhorar mais amanhã. A questão então não será a mudança completa (o que é impossível em nossa realidade) ou a danação completa, mas quanto tempo eu consigo ficar no caminho do bem. Ainda que imperfeito, se eu estiver no caminho certo, estarei sempre melhor.

Sem Jesus, eu jamais perceberia isso. Sem Jesus eu nem conseguiria, porque é Ele quem renova essa certeza para mim sempre. O que Ele diz me ajuda muito a crescer todo dia. Eu confio no que Ele me ensinou. Não encontro em Jesus uma só palavra que me lance para trás. Com Ele sigo sempre em frente. Imperfeito, mas Sempre Avante!

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