domingo, abril 12, 2009

A Institucionalização do Individuo.


Dizem que a Insituição familiar está falida.
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“O Brasil registrou, em 2007, 916.006 casamentos civis - 2,9% a mais do que em 2006 (889.828), segundo as Estatísticas do Registro Civil divulgadas hoje (4) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Já o número de divórcios e separações foi de 231.329. Ou seja, uma dissolução para cada quatro uniões civis.Instituído em 1978, o divórcio atingiu sua maior taxa em 2007, segundo o IBGE, quando teve crescimento superior a 200%, desde 1984, passando de 0,46‰, em 1984, para 1,49‰, em 2007. Em números absolutos, os divórcios concedidos passaram de 30.847, em 1984, para 179.342 em 2007”.

Todas essas informações não deixam dúvidas quanto a Instituição do casamento. Está falindo. Pra não dizer falida, visto que muitos casamentos são mantidos legalmente, mas estão dissolvidos na prática. As pessoas não sabem mais se ligar, se conectar (como abordado em tópico anterior). Estamos cada vez mais isolados. O tempo está passando e estamos nos tornando “Ilhas”. Isso é tão nítido que até os nossos beijos, nem são beijos mais. Apenas tocamos as bochechas e emulamos o beijo através de um som produzido por nossos lábios, próximos aos ouvidos de alguém. Nossos lábios não tocam as pessoas. Exceto quando queremos nos aproveitar delas, pra nos sentirmos bem, então as beijamos com nossos lábios, mas não com nossa mente. Não com comprometimento em manter um sentimento, uma decisão. E tem sido sempre assim ultimamente, nós (EU) no centro da ação.

A falência da instituição do casamento, da família, está criando uma nova instituição. O Individuo. Esta é a Instituição em ascensão. Sim, digo instituição porque tem se rodeado de regras (não se envolver, não se machucar, não correr riscos, não abrir mão do que é por direito seu, não desistir dos seus desejos, buscar sua própria felicidade, alcançar o sucesso e etc...). Cada individuo traça as suas próprias regras. E isso é outra característica de uma instituição. Tem suas próprias regras e normas. Regras estas que regem o modo como a sociedade interage e se relaciona. Estamos naturalmente, todos juntos, caminhando para um mundo mais individualizado do que familiarizado. Falamos em globalização, mas nosso interesse é o bem-estar próprio. Percebemos que unidos vamos mais longe, não porque estamos realmente interessados com a situação de uma viúva no Afeganistão ou de um jovem confuso da Moldávia. A tão sonhada PAZ é para mim. EU quero viver em paz. E muitos de nós estamos “preocupados”(sentimento, sem ação) com a paz do Oriente Médio porque enquanto houver pessoas sofrendo, nossa paz está comprometida também.

O fim dos casamentos é apenas um sintoma deste caminho que estamos percorrendo. Uma triste evidência de que estamos nos distanciando dos velhos e tradicionais valores que nos sustentaram por tantos anos. E sabe para quê? Para que cedo ou tarde, percebamos o quanto estivemos enganados em institucionalizar o individuo, perceberemos que nos afastamos demais e que precisaremos nos reunir, não apenas nominalmente como fazemos por meio do orkut, do msn ou da globalização. Mas uma união que nós perdemos e continuamos a perder.

União legítima que só é e será possível quando aprendermos a desinstitucionalizar o nosso EU. Quando lembrarmos de velhos valores como “não há amor maior do que esse, dar a vida por seus amigos” (Jo 15:13).

Até porque a tão alardeada falência dos casamentos repousa na idéia moderna de que “o casamento é para MINHA felicidade”. Enquanto a idéia original é o casamento para trazer felicidade ao OUTRO”.

Não sei quando vamos acordar. Mas esse post é uma tentativa de mudarmos de direção. Ouvir nosso egoísmo nunca será a solução, por mais que nos agrade, o resultado será sempre a falência de nossa sociedade. Falência do amor. É impossível amar sozinho. Mas será que teremos que ficar sozinhos pra percebermos isso?

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